Gelo e Fogo

O Gelo queima cortantemente, penetra carne,

destila-se na alma, mil agulhas de Fogo

a infiltrar nossos pontos cardeais, de dentro,

Paralisante, fazendo da medula um súbito elevador glacial;

Coração ardente de Antares oculta pelo Sol

no mistério das águas profundas de novembro,

Delírio de extremos causados pelo veneno de Shaula,

flerte platônico intermitente que virou o século;

Esse Gelo é um dialético Marte,

se mostra vermelho ariano aguerrido,

vermelho colérico em fenótipo de Vênus,

mas é composto por gelo, um Gelo solar

a queimar todos a sua volta cintilando

sua implacável e avassaladora ternura,

seu elã sombriamente fádico, radioativo,

Fogo vivo cristalizado no seio do tempo.

Gelo e Fogo, coágulo de âmbar

que tonalizam as espirais que te lauream,

ondas e cachos que enrolam as memórias de infância

a embrenhar-me até os dias de hoje,

Gelo e Fogo, magia ancestral

conjurada em idioma adâmico

no Paraíso Perdido de nosso passado

ecoando nossa inocência fugidia.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 27/11/2023
Reeditado em 08/02/2024
Código do texto: T7941392
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