MINHA FÉ NORDESTINA

MINHA FÉ NORDESTINA

 

Meu Amor, hoje acordei por você,

Pedindo água para beber,

Só sei assim, pois sem você,

Não há razões para viver.

 

Os meus dias vejo em retratos,

Pois lhes registro como poemas,

Vivo a buscar novos contratos,

Mas no final são estratagemas.

 

Para enfrentar o mundo moderno,

Estou meio aberto na escuridão,

Pois tudo mostram, talvez do certo,

Mas prefiro lhes dar extrema unção.

 

Do lado de lá não ouço palavras,

Talvez o grunido ao lado do muro,

Pois vejo só o vento nas palhas,

Do que já se foi do fruto maduro.

 

Minha fé tem endereço e contraste,

Vindo de um torno que me prende,

Mas, sendo rebelde, rompe a grade,

E é nordestina em meus repentes.

 

Ter espinhos é um formato de fé,

Que leva ao solo até uma semente,

Mas sei que nem elas dão colher,

E brotam por serem tão carentes.

 

O que nasce procura pela luz,

Pois são razões pra se viver,

E viver sem fé não me seduz,

Pois sou profeta do meu ser.

 

Sou prisioneiro desse lar terreno,

Apenas enquanto me ligo ao portal,

Somente não sei se estou morrendo,

Ou só viajando entre o bem e o mal.