Restos
As bordas do seu prato
Estão sujas do sangue
De alimento tingido
Com azeite de oliva e sal.
De qual alma a sua alma
se sustenta.
De qual carne a sua carne
precisa.
Em quantas taças
Estão os resquícios
Dos seus amores bebidos.
E em quais delas
Ficaram as sobras
Dos instantes
Em que perdeu mais tempo.
O teu silêncio
Jamais alimentará o seu grito,
Nem o seu gemido
Satisfará o seu prazer e dor.
De certo a vida é tão apenas
O tempo que já passou.
O amanhã é somente restante.