DEPENDE DA CHUVA OU SECA

DEPENDE DA CHUVA OU SECA

 

Não há dias tão iguais,

A não ser meu sofrimento,

Nessas ruas tão desiguais,

Sem o pão, mas com lamento.

 

Já não somos tão normais,

Se a loucura é um tormento,

E não sei quem fede mais,

Se te vestes de excremento.

 

Depois de ver tantas mortes,

E o chão se achar estremecendo,

Vou a San Andreas ver a sorte,

Com meu vulcão me enlouquecendo.

 

Cruzei em África pela fissura,

E vi a terra toda se mexendo,

Vi os antílopes à sua procura,

E a sua pintura me esquecendo.

 

Seria apenas sexo ou diversão,

Ver os gorilas diante ao vento,

Mas é na floresta que há emoção,

Se o perigoso leão é contento.

 

Tudo depende da chuva ou seca,

E se é simples planície ou savana,

Se o rio tem água ou é de veneta,

Como a vadiagem do vento sacana.

 

Quando como sanduba, sou iludido,

Se ele me dá apenas mais proteína,

Mas se eu tomo chá, como castigo,

Terei corpo e mente sem toxinas.

 

Dizem que folhas são pra delírio,

Mas nos enganam e o álcool serve,

E a riqueza para uns é só colírio,

Mas não vigora se a morte é breve.

 

Então, vou lhes deixar o meu verbo,

Que diz das flores, do fogo e mar,

Mas também deixo meu ser no caderno,

Como algo que ainda irás abraçar.

 

Mas se brigam a chuva e a seca,

Só quem sofre é meu solo e alma,

Ainda ferido ou mesmo perneta,

Mancando e afeito ao trauma.