TEMPOS ALÉM DA PROCELA

TEMPOS ALÉM DA PROCELA

 

Os tempos são como os ciclos,

Que alternam o escuro e a luz,

Mas como hoje o mundo é circo,

Tem os dias que a noite seduz.

 

Nós vivemos tragédia e alegria,

Se não há um padrão ao viver,

Pois uns querem viver de folia,

Mas folia nem sempre vai ter.

 

Há tempos de chuva e orvalho,

Mas também os dias secos virão,

Pois o milho quer um espantalho,

Senão os corvos logo chegarão.

 

Um navio no meio da tormenta,

Pode até afundar ou se perder,

Pois o fundo do mar lhe atenta,

Desde que tudo poderá perecer.

 

Quem já viu fogo numa clareira,

Vai entender o que faz furacões,

Se o fogo ao vento é bagaceira,

Trazendo o luto até aos barões.

 

Como seria meu último por-do-sol,

Caso ainda ouvisse uma cantiga?

Mas estou morto sobre um lençol,

E foi pelos colegas o meu estigma.

 

Não é fácil sofrer por traição,

Mas, lhes digo, é pior do amigo,

Desde quando ser algoz é razão,

De quem nos dilacera o umbigo.

 

Buscar ser sincero e útil,

Viver pra servir e salvar,

Nos faz crer não ser fútil,

O senso de ética ao andar.

 

Se carregamos água no cesto,

É por crer que valha a pena,

Senão eu seria como incesto,

Que traz o desgosto apenas.

 

Mas resta um suspiro no caos,

E talvez renasça uma estrela,

Prosperando apesar dos maus,

Como bonança após a procela.