“Preciso ouvir o que me desagrada e desaprender”
Não devo pedir desculpas
Por demorar pra responder
Por não responder, por relativizar
Recolocar em modo de não lida
Visualizar e acabar por desperceber
E assim em meio ao monte desaparecer
É tanta coisa pra lembrar de pensar
Que pensando assim eu prefiro esquecer
Haja gaveta na cabeça pra caber
Tal como o tempo livre do homem
De gravata e blazer feitos de escassez
Não preciso me desculpar por não corresponder
Por não cooperar com o ritmo alheio do compreender
Pelo vão entre o que eu bem-quiser, o meu bem-querer,
O quanto me importar e o mal que isso me faz
O mesmo mal que isso me leva a fazer
O mínimo prazer por menosprezar
Oposto ao mau genuíno esse só causa desprazer
Só feri de volta em mim a mesma revolta e
Assim renova, reboca o muro que divide por sua vez
O que é de consumir e o que é autoconhecer
São só detalhes separatistas a superar pra suspender
Me faz feliz, nunca sei ao certo o que fiz
Sorrir na tristeza deprimente de depender
Abraçar o discurso e se contradizer
Na chama que propaga eu ei de queimar
Embora com um intuito inicial de aquecer
São páginas de um livro que prefiro rasgar
São fases de um jogo que eu não sei zerar
São lágrimas secas após tanto chorar
É escrita a vida remasterizando antigos olhares
Sob o tom de novos arranjos
Eu enferrujo, todos hão de enferrujar e ali
O ferro que feriu há de se desfazer
Permanecerá apenas o que o tempo ditar
Não a prepotência habitante na convicção do prometer.