Agruras
Eric do Vale
No começo, foi tudo muito assustador
E eu, sem eira nem beira, beirando
O desespero, o tempo todo, só sabia
Me perguntar: "E agora? Para onde vou?".
Dúvidas, dúvidas... E somente dúvidas
Pairavam sobre a minha cabeça,
Por isso eu continuava a duvidar
De tudo e de todos; quanto mais
Eu dúvida, maiores eram as dúvidas.
Não havia mais o que pensar
No passado, visto que o passado
Já havia, há muito tempo, ficado
Para trás e, portanto, não havia
Mais razão para ficar pensando
E especulando o que já passou.
No mesmo tempo em que o medo
E as dúvidas me achavam, pensava
Eu naquelas pedras que o poeta,
Uma vez falou, que não saiam do lugar.
De repente, o presente, até então
Pré-existente, ali, de repente, estava
Presente na minha frente na total
Incerteza do futuro, na certeza
De que nada, desta vida, é certo
E por isso, as incertezas detém
A serventia de nos servir para conduzir
Rumo ao incerto na mais pura certeza
De que, nessa vida, não há nada certo .