DO NADA AO NADA
Nunca pretendi ter sucesso
ou me reduzir a impessoalidade de um ofício.
Também nunca quis ser vitorioso,
um conquistador de títulos e medalhas,
ou servir de modelo ao tédio de carrancudas estátuas.
Não me seduziu a ilusão do querer, do poder e do ser
que tanto encanta os canalhas.
Sei que sou apenas um nada
que pertence a nada
e se torna cada vez mais nada.
Por isso, a todo instante,
aos poucos desesisto
sem desistir de tudo,
pois estou ciente que tudo é nada,
que sou nada,
nada mais que nada,
através do nada.
Em tumultuado silêncio
sigo ,assim, sozinho no vento,
atualizando o nada
indiferente as glórias do mundo.