SONETO DO PORTO TRISTE
chove no porto de todos os meus sonhos
os fantasmas estão em trajes medonhos
nos navios exilados, impedidos de zarpar
meus países ameaçados se outro dominar!
no horizonte uma cortina de água pesada
faz minha vista escurecida e embaralhada
não há a saída deste mundo, estou ilhada
perdi meus bens e a cidade está sitiada!
não há ninguém aqui com quem negociar,
nada terei a oferecer se a chuva não parar
vou entregar tesouros para as naus piratas,
morrer com as bombas mortais das fragatas
e esquecer para sempre o dia em que eu vi
o amor nascer no sol de ouro que veio de ti.