eu, em mim mesma
Procurei em mim as fontes de tanta tristeza,
comecei pelos meus olhos,
os penetrei com tanta violência que das lágrimas
vieram sangue.
Passei pelos meus tímpanos gritantes,
que me lembravam seu nome,
infinitamente latente como uma sinfonia
de acordes desarmônicos.
Tropeçei pela minha saliva,
que ainda tinha o gosto teu.
Amargo e doce do beijo que me deu.
Percorri pelas veias,
mistura com os globolos que se afinam:
brancos e vermelhos, sem cor , sem distinção visual.
Ceguei ao estômago,
revirado pelos embrulhos deixados pelas
palavras tuas de tanto rancor.
Meu útero cosumido pelo teu prazer de ser,
quer e não poder.
Em mim mesma senti o meu coração,
forte, de batidas pulsantes e ardentes,
um turbilhões de sensações girando
transgredindo o começo, o meio e o fim
de uma paixão sem amor, sem dor,
que foi expulsa do meu peito
para agora e sempre,
E assim viver eternamente
eu, em mim mesma.