UM DIA SEREI MARGINAL

Qualquer dia

ainda descubro

o jeito certo

de me perder no mundo,

de escapar a multidão,

a humanidade,

a lei, a ordem e ao Estado.

Viverei em total anonimato,

do lado de fora da ordem,

dos consensos e identidades

que nos conformam a prisão de tantas rotinas e opiniões.

Serei livre de mim e dos outros,

dos artifícios e simulacros digitais

que me reduzem a um avatar

ou a qualquer passiva cobaia

de algum experimento científico.

Qualquer dia poderei dizer

contra tudo e todos

que não existo,

que não sou e não faço sentido.

Ou que sou liso, leve e solto

sem qualquer motivo.

Qualquer dia serei herói,

serei marginal.