Cacos
Junto meus cacos no chão espatifados
no sentimento da tua ausência imoral
cato a todos com a pá dos incurados
acondiciono numa caixinha de leite integral
Em local plano e iluminado me espalho
me abanco com todos os instrumentos
ferramentas de corte, de cola, de aparo
e me lanço ao trabalho de ligamentos.
Limpar as peças, uma a uma, tirar o pó
esquadrinhar tamanhos vários, polir arestas
retirar impurezas, migalhas de nós
eliminar imperfeitos que infetam as frestas.
O esmero não garante perfeição
a vista não encherga, nos cacos, os ressaltos
os veios e linhas expostas em erosão
embora unido, juntado, permaneço quebrado.
Texto original de Klem Machados - Poeta o tempo todo.