Feijão, Arroz, Farinha e Lágrima
Feijão, arroz, farinha e lágrima.
De bonança minha alma está ávida.
Este feijão até que é gostoso,
É o gosto do suor do meu rosto.
Viver de tormento é depender de farinha e da misericórdia divina.
Como posso ser derrotado se batalhar é minha vida?
Há de existir razão pra um destino tão cruel,
Talvez minha recompensa esteja no céu.
Ser pobre não é de todo tristeza,
Mas é ser escravo do fado, da incerteza,
De quem não sabe se tem comida na mesa,
E observa de longe o Conde da avareza.
Meu alimento está nas mãos do destino,
Legado de quem nasceu no mundo sozinho.
De quem vive da terra e do tempo,
E se atola na merda pra tirar seu sustento.