Um pé de romã é uma romãzeira


Um pé de romã
é uma romãzeira.

A ausência  de um pé de romã
é uma saudade que não acaba.

Os pássaros na romãzeira.
Uma sinfonia.

Havia um pé de romã
no quintal da casa.
E os frutos vermelhos
parados no ar
as vezes caiam:
se esborrachavam/
sujavam.

Ninguém comia as romãs da româzeira. 
Só os pássaros.
A romã era para ser vista
admirada/fotografada.
Cumpria sua função
naquela casa.

Mas um dia,
triste dia.
A dona da casa
se aborreceu 
com a vida,
com a romãzeira,
com as româs
que ninguém comia,
e a dispensou
de sua serventia.

Era uma vez uma casa
no centro de uma cidade
que não tinha mais quintais.
Só uma româzeira
que aborrecia.

Da janela do quarto
que não era meu
eu via.
A romãzeira florida
a româzeira frutificada.
Hoje a janela está vazia,
sem poesia.

Os sons estão mudos.
O cheiro evaporou.

No álbum de família
a romãzeira descansa
inerte.