AO SER-BEM
A gente acaba amando os cheiros, os rodeios, os engasgos.
Vamos nos embrenhando pelos confins mais confins da alma,
vamos sumindo com encardidos e quereres puídos,
vamos reatando fios que a vida esgarçou de vez.
A gente acaba amando as imperfeições, os desvios, nuances tantas,
assim dá pra tatear perfumes na pele, faróis no coração,
dá pra acender rimas e apurar sentidos do ser-bem.
A gente acaba amando as ferrugens, os rasgos, os nãos,
tudo então fica bonito de ver, de acolher, de refrescar,
daí tudo vira folia, uma deliciosa folia sem par,
deixando os entulhos numa gaveta lá atrás, bem atrás.