Eu e o vento
Eu e o vento
Gosto do vento imaculado que por mim passa e nada diz
Enlaça no cabelo de cacho quebrado e com ele brinca até à raiz
Beija a face quente para que a sinta na sua suave palidez
Esculpe a linha torneada da feminilidade de uma transparente nudez
Assobia no meu ouvido uma melodia tranquila e agradável
Repousa no vestido que o acolhe num colo aberto afável
Passeia no areal deserto da pele luzidia que docemente se oferece
Serpenteia numa dança sensual de um desejo que carece
E tal como eu ele gosta dos campos lentos de pólens dourados
Em sopros brandos vai passando sem olhar para os lados
Passeia o seu charme entre o intervalo solitário das flores
Segue em frente sem alarme como arco-íris imaginário sem cores
E o que mais gosto é da suas surpreendentes e errantes desordens
Viaja independente como eu no céu das nuas e delirantes nuvens
Luísa Rafael
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Porto, Portugal