DO AMOR À INGRATIDÃO
Amor e ingratidão são gomos da mesma fruta,
rastros do mesmo chão,
tempos do mesmo querer-bem.
Mal se tocam, mal se sabem,
mas de repente estreiam juntos,
fazendo estrago danado.
Amor e ingratidão cultivam o mesmo néctar,
se alimentam do mesmo ar,
comungam da mesma fé.
A ingratidão desmata o amor,
tira seu brilho, gosto, olhar,
faz dele um capacho puído e funesto.
Então o que era lindo, deságua, desmama,
o que sobra são fiapos esquálidos, sonsos,
ensopados numa tristeza sem par.