O LUGAR DO ACASO
Cabo, Escada, Recife
(O acaso vive nessas cidades)
Fantasmas denunciando um tempo propício
Para não nascer
Mas a vida é um expresso
Nos chamando para o anonimato
E é um milagre ter sobrevivido
Mais uma manhã
Sabendo que a sorte
Não costuma andar
Ao lado dos excluídos
(Nossos totens cegos
Cuidam apenas dos seus cifrões)
Valeu a pena ter nascido
E apelar ao divino
Que a estrada tenha menos espinhos?
Palavras não nos dizem nada
Ou dizem apenas
O que o silêncio quer dizer
Quando inaugura a dúvida
Nos nossos corações
Arranhados pela desilusão
Um dia não veremos mais o amanhecer
E talvez nem vejamos
A beleza por trás do azul
Mas aí, já estaremos livres da busca
E nossa única necessidade
É quem nos deixem em paz