OS IMBECIS
Os imbecis entenderão belas
e complexas canções, como músicas tristes.
... Entenderão livros como peças de museu
“enfeites” de apartamento.
Os imbecis entenderão pinturas
como rabiscos,
pincéis como dedos sujos.
… confundirão a voz das cantoras
com gritos das quaisquer zorras.
Os imbecis entenderão batuques de tambores
como se fossem o mesmo que dedos produzem
em mesas de computador, crianças em aulas longas
tédios diante de coachs e palestrantes.
Os imbecis entenderão danças
como meras imitações de padrões.
Entenderão liberdade de fala com
ofensas iradas proferidas ao vento
… como se o vento
não fosse capaz de derrubar
um ou dez, dez mil homens
no chão.
Os imbecis confundirão poesia
como a arte do exagero dos sentimentos
ápice do amor, ápice do ódio e ápice da revolução
ápice do sofrimento em rimas forçadas,
... marketing da erudição.
Os imbecis dirão que a música
ficou ruim, porque só consomem
música ruim.
Os imbecis dirão que os livros irão acabar…
Os imbecis disseram que o rádio acabou…
Os imbecis disseram que o Rock acabou…
Os imbecis disseram que a moda venceu,
Que as TENDÊNCIAS venceram.
Que a velocidade venceu aquele
gostoso cheirinho de papel novo.
… dirão que o amor acabou
porque são incapazes de amar.
… que o casamento acabou
porque foram incapazes de conviver.
Adoeceram e acham que todo universo
também é doente; Que o mundo é de todo terrível
Pois foram incapazes de serem gentis.
Os imbecis entrarão em agonia
e cavarão alguma coisa...
Antes do fim.
Procurarão algo que os salve do mundo
de cédula, metal e plástico que os envolve.
Procurarão algo que os traga infinitude
e os conforte e os resgate da mesmice.
E encontrarão escritores
como eu...
nos seus biscoitinhos da sorte.