A outra de mim

 

Setas agudas atingem-me a alma

São tantas que não as posso contar

O silêncio me consome, devora

Respiro fundo, não perco a calma

Mas sinto que já é hora

Do meu outro eu voltar

É frágil a outra de mim

Mas também muito mais forte

Trava batalhas, enfrenta a morte

Não aceita triste fim

Não espera o dia de sorte

Pensa a ferida, ri-se do corte

Escreve o não por cima do sim

Já a eu da primogenitura

"Segue se reinventando"

"Tecendo e também desfiando"

Vivendo a vida mais dura

Enquanto aguarda madura

O dia prateado, a lua mais pura

Mas quando as duas se juntam

Desjejuam e também jantam juntas

Fundem-se bem lá no fundo

No lugar escondido do mundo

E de lá retornam ligadas

Mescladas, unidas... amalgamadas

Um ente e outro distinto

Na mente una, bastante distante

Que une os secos e os tintos

O que é opaco e o radiante

Vestidas de real vestimenta

Alistadas para a guerra futura

Para ser lanho e lanhadura

Prontas para o sol e a tormenta...

 

Texto inspirado na poesia "Tiro ao Alvo", da poetisa Ane Rose.

Netokof
Enviado por Netokof em 13/12/2022
Reeditado em 28/04/2023
Código do texto: T7670852
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