DEPOIS DO MUNDO
O que hoje me falta
é um pouco de mundo
para abrigar o corpo
já quase morto,
deixar transbordar afetos,
imaginações e silêncios.
É justamente isso
que não mais existe
entre nós:
um mundo onde
tudo é intenso, transparente,
e incerto,
um mundo onde de tão inumanos
nos tornemos iguais e complexos
em nossa mais profunda falta de realidade,
um mundo que seja
algo mais do que um lugar,
mas um indefinível estado de paz,
insensatez e ausência.