depressões não combinam com espelhos
peito aberto
acho que demais
cuidadoso
me preparo
dou adeus aos cristais
tantas coisas aqui que nem reparo
na bagunça que eu fiz
lágrimas secas
nem sinto
dores
não flores
e por mais que faminto
me recuso a comer
sóis que pões na minha mão
nascemos sós e acabados
me recompor é preciso
pois, livros roubados
não curam a dor que sinto
em não te ver outra vez
não guardo mais cartas
nem fotos já dobradas
pra serem jogadas fora
talvez em outro agora
eu me canse de dizer
que já vou embora
mas não melhora
nem com visitas
de última hora
olho que já não chora
sistema que
menospreza o que
escreve poema
pra ter que aprender teorema
ainda inventam problema pra
gente resolver
me cansei de falar tantas
vezes de emoções e
sentimentos
expor meus tormentos
pra quem não sabe me ouvir
a última carta
que escrevo
essa em que faço
promessa de não voltar
atrás
depressa
já começa
o poeta que se despede
sem um sorriso no rosto
apenas desgosto
predisposto a sentir muito
para aqueles
que não sabem
como dói
ser quem sou.