Levaste de mim

Levaste de mim

Levaste de mim um sol brilhante de luz que não raiou

O cântico que seduz de um rouxinol esvoaçante que nunca chilreou

O arco-íris do instante que rasgou o céu maravilhoso e desapareceu

As estrelas de um lençol sedoso de um amor que não aconteceu

Levaste de mim o beijo molhado pelas lágrimas caídas vãs

O desejo acordado no parapeito das harmoniosas e perdidas manhãs

As esperas silenciosas no leito de trilhos de emoções em sonos revoltos

Os pensamentos e quimeras com brilhos de ilusões e alentos soltos

Levaste de mim os tempos escorregadios nas cronologias dos minutos cansados

Os olhos confiantes nos vazios de alegrias e vibrações de sabores amargos

As fantasias que me davam vida e pulsavam coloridas de amores no meu peito

As magias que desaguavam no que seria o amor mais belo e mais perfeito

Levaste de mim tudo o que tenho vestido e que desmaiou lentamente no chão

O coração colorido que te dou e continua docemente em pulsação

Os poemas declamados nos silêncios das nossas bocas que não se encontraram

Os sussurros suspirados pelos poros dourados nas insónias loucas que nunca se abraçaram

Luísa Rafael

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Porto, Portugal