CONTRA O PODER QUE NOS MATA

É tempo de extremo perigoso,

quando o poder já não mais oprime,

mas conforma.

Quando a norma não nos limita de fora,

mas nos conduz por dentro.

Neste momento é preciso emitir

um alerta de incêndio,

é preciso resistir

como um bárbaro

ou como um filho do inferno.

Pois já não há mais futuro

que não se ofereça

como o inevitável

de qualquer distopia.

Apagou-se, para sempre,

o fogo de toda esperança.

Tudo é melancolia.

Ninguém mais pode existir

fora ou além da falsa paz da norma.

A verdade é uma fé totalitária,

esmagando todos nós,

enquanto tortura e mata a poesia.