IN NATURA
Estou por demais mergulhado na Cultura
Para ter prazer.
Quero o poema que venha respingado de riacho,
Escorra do sulco no caule cortado,
Pulse nas veias das plantas.
Quero o poema que se banhe
No sexo da Vitória Régia (como o escaravelho)
Apodreça no folheiro.
Anseio pelo esforço da cor na orquídea
Tentando impressionar,
Pelas manhas do mangue para prosperar,
Pelo ressonar satisfeito das gramíneas.
Vegetais, dai-me o seu cheiro!
Sucupira branca, perdoai-me todo o meu crime!
Ipês do parque, reflorestai o meu peito civilizado!