UM VENDEDOR DE POESIA

Eu sempre fui preguiçoso

Não posso me por a negar,

Mas não se engane

Por que isso

No meu sangue, não está.

Quis trabalhar de médico

Deu errado por que sou mole,

Fui atender a um paciente

Desmaiei por cima do tal,

Levei uma bronca da boa

E por vergonha de ser atoa

Fui embora do hospital.

Voltei então indignado,

Mas novamente era importante,

Me tornei um delegado

Só andava bem trajado

E com nome de estante,

Mesmo assim eu me dei mal

Por preguiça ou desatino,

Bem, por ordem talvez do destino

Fui parar num vendaval.

Tentei ser um engenheiro

Mas eu não pude estudar,

Isto eu até queria,

Mas toda vez que tentava

Vinha um, me atentava

E novamente eu dormia.

Continuei a viver

Mas, nada mais quis fazer.

Me pus antão a esperar

Aquilo que desse certo,

Mas nesse caminho incerto

Fiquei no tempo a vagar,

Pelo caminho eu seguia

E me apaixonei por ela

Terminei nessa novela,

Um vendedor de poesia.