Existência escura

Não poderia

morrer,

pois já nasci

sepultado em meus

ordenamentos

gerais de vida,

na extensão

histórica de minha

cor escura

melanina pura,

feridas eternas

sempre à mostra

tempo cíclico,

ainda não há cura.

Se houve algo,

sim, tô ciente,

gritos invadiram

o inconsciente,

alguém lá do fundo

chorou

não

não

clamou ajuda

não

não

uma Alma

mais real

de qualquer

outra

do mundo

sucumbiu

o vegetal

chorou

que vegetal

Hegel

do qual falas

vegetal

ou humano?

No decorrer

daqueles

dias,

minha

existência

carregaria

a cruz

semelhante

aquela

redentora

do homem,

porém aqui

o sentido

final não

é salvação

um possível

retorno

à condição

primeira

senhor

criatura

é cisão total

ruptura absoluta

crucificação

pública

uma cor

exposta

ao tribunal

da vida

cuja lei

é o dominador,

cujo advogado

é o dominador,

e a figura do réu:

abro as mãos

em silêncio

minha

pele

é

M

E

U

G

R

I

T

O

D

E

L

I

B

E

R

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A

D

E

!

escritaaceuaberto
Enviado por escritaaceuaberto em 19/06/2022
Reeditado em 15/11/2022
Código do texto: T7540821
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