.... Ser coisa e nada na poesia de Manoel de Barros.
Talvez eu tenha um olhar meio deformado
Para as coisas sérias da vida.... Talvez, eu
Tenha um olhar enamorado é para as flores,
Rios e aves. Para as coisas miúdas do chão.
Eu converso com o poema antes que ele
Nasça. Isso é um dom que tenho; penso...
Depois que o poema nasce eu faço retoques;
Desde que seja sutilmente. Senão, o aniquilo.
É meu jeito de olhar o mundo e as poesias.
Tudo deve ter uma essencialidade, um viés
De perfeição; um ajuste de cores, uma aptidão
De calhar bem. De tudo que é feito de brandura.
O mundo simples é uma candura completada...
É nele que eu trilho; a ele eu me entrego e calho.
Nasci para me acertar com a noite escura e fria...
Para ser coisa e nada na poesia de Manoel de Barros!