Por mim fala a estrutura
Não falo, sou falado.
Não movo, sou movido.
Isto que agora digo
Foi coisa que escapou do ouvido.
Esta estrutura não escuta
A voz de quem cochicha atrás da porta.
E quem salta desta altura não fratura
O fêmur desta perna torta.
Quem fala pela minha boca quando atuo?
Em que páreo solto meu corpo
como cavalo de umbanda ?
De quem é o sal da gota que suo?
Quando meu corpo transpira no gesto
O movimento da ciranda?
E quem vê pelos meus olhos marejados?
Na cena da morte da bezerra
As lágrimas falsas deste outro que me comanda?