DEUSA DO CAOS

alma de menina moleca

acorda dolores, adormece lolita

não brinca de boneca

prefere, tal deusa do gênesis, soprar

fôlego de vida em anjos barrocos

e molda-los em demônios do caos

com meia de normalista

abre todas as comportas

e respira o ar que pandora descobriu

funde o caos no fogo

e transcende em cinza a labareda

não quer a cura da loucura

deseja bem antes

ser curadora do único caos impossível:

o transe entre a trança de sansão

e a transa boa de dalila

ela é uma poesia lambida

com saliva em lâmina

queima por dentro e quase dói

tem gosto de magma de vulcão

no segundo do orgasmo

parida no ventre do furacão

usa meia de bailarina

mas apenas para pisar

na corda bamba e visitar

o fundo do caos

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 10/04/2022
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