EM FUGA SEM NADA

Mais um dia de angústia

nesta roda de sofrimento.

Não consigo preencher o vazio

que a solidão

vai escavando cá dentro.

Quero fugir de mim

criar outra identidade

para dispersar

os que me querem mal.

Peço ajuda ao coração

mas ele está debilitado,

precisando de apoio.

Viro-me para a alma

e ela foi em missão,

socorrendo outros

mais necessitados.

Bato na porta da mente

e de imediato

ouço uma voz gritando:

- Não acredito que tu estejas aqui

com essa intenção

quando há tantos em fuga

sem nada!

Nesse momento…

Um manto de vergonha me cobriu.

Como pude ser tão egoísta

e egocêntrica,

quando mesmo ao meu lado

há gente fugindo da guerra,

há gente sucumbindo

ao gatilho dum louco,

há gente com fome,

com sede, com dor,

sem casa, sem esperança,

com os sonhos sangrando.

A única coisa que têm

é um xaile de chumbo pesado

bordado de tristeza e dor,

que generosamente as cobre

estendendo as franjas pelo mundo.

Este xaile não aquece…

Este xaile tantalisa!

Não gastemos energia

reclamando e resmungando.

Aproveitemos essa energia

para ajudar quem necessita.

Certamente

teremos algo sobrando

que fará toda a diferença

na vida de outrem.

Amor toda a gente precisa

e toda a gente pode dar.

Nasce espontaneamente

a fonte é inesgotável.

Quanto mais se dá, mais se tem.

A partilha, a doação,

desalojarão o vazio

e o seu lugar será ocupado

pela alegria de fazer o bem!

©Maria D. Reis

18/03/22

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 22/03/2022
Código do texto: T7478538
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