SOBRE OS NOSSOS CONFORMISMOS COTIDIANOS
Nos conformamos ao intolerável
de todos os dias,
a comida ruim,
ao salário miúdo,
a carestia,
ao eterno carnaval dos corruptos,
e a grande hipocrisia nacional.
Nos conformamos a morrer aos poucos,
as crises econômicas,
a desigualdade social,
e a desfuncionalidade geral.
Somos mansos indignados,
falsos revoltados,
que não acreditam no bem comum,
na sinceridade de qualquer interesse público,
e aplaudem autoritarismos e populismos de ocasião
contra tudo que é plural e libertário.
Somos gado num matadouro.
Nunca fomos um povo
numa república que nunca foi democrática.