OUTONAL/OUTONO
Ausência de mim
Há quanto tempo estou assim?
Perdi a noção do tempo.
Encerrada em mim.
Apenas as gotas.
Uma a uma da minha alma
Que goteja irritada
Gotejante e gritante
Porque afogada transborda
De si aflitivamente
E tenta
Inundar, acordar,
Esta letargia que me cerca
Pressentindo que poderá
Vir a ser o meu fim
Manhãs , tardes, noites
Nem sol nascente , nem poente.
Um amanhecer prazenteiro.
Um entardecer sentimental.
Um anoitecer carinhoso.
adivilhado vulunptuoso.
Adiante.....
Sempre constante, distante
De um mundo
Que cada vez mais
Foge de mim.
Ou serei eu que fujo dele
Entediada, indiferente.
Sim estou encerrada
De mim
Encarcerada .
minhas janelas fechadas.
Neste dessincronizar
Que me agonia
Já não provoco temporais
Já não animo festejos
Já não sinto os teus desejos
Nem quero mais os teus beijos
Não me aqueço ao teu peito.
Não adormeço no teu leito.
nos alvos linhos me enrodilho.
fria....
sem pranto...
Já não leio os jornais
Tenho a biblioteca, encerrada
a cadeado com a minha alma.
Não pretendo alargar
os espaços que visiono.
Para além ,deste pedaço
onde me encerro e me encontro.
As margens dos rios profundos.
Que conheci por esses mundos
Onde segredava meus lamentos
Debruçada, nas amuradas
de pontes de cidades,
que me deslumbravam.
Não mascarava meus enleios,
por serem ternos e entrelaçados.
cCom outros menos afortunados
Estão longe,
deles não me aproximo.
Seguem o seu rumo, seu destino.
Mas já não levam meus sonhos.
Dentro e mim,
parece haver o necessário,
para continuar.
assim...
Não sinto o tempo.
Nem a chuva, nem o vento.
Não tenho verão, nem inverno
e, a primavera a minha quimera
perde-se de mim.
Agora ,apenas um Outono.
triste, ensonado, destruidor.
Uns laivos de sol, que a favor.
Vêm aquecer a friagem.
Mas ao mesmo tempo um louvor
ao remanso da regeneração
da decadência do tempo.
Que tolhe a minha vontade
Meu quebranto, que algema,
a minha liberdade.
E penso.....
Será que me estou a aproximar
do silêncio da eternidade.
De t,ta
2007