Destroços e saudade

Um pedaço de noite, um pouco de vinho...

Um pedaço de pessoa, um verso...

La Barca, No me platiques más...

Amargura?

Saudade, ainda...

Versos,

pegadas numa areia perdida

em distâncias inimagináveis...

Suores:

Lágrimas, ainda...

Do corpo saudoso:

Do toque,

Do peito,

De cada proximidade injustamente marcante....

É você que me vem,

Em sonho distante e dolorido....

È você que me vem, com os olhos mais ternos

E inconseqüentes que um verso pode abrigar...

Me vem, insano...

E me detém num abraço...

Os corpos se tocam,

Se querem, apenas...

Mas há penas entre nós...

Nós a desfazer,

Pá, ciência?

Calma, ainda:

Gritos, de dentro....

E é...

Com seus olhos,

E peito aberto,

À queima-roupa,

Sem rima nem pudor:

Amor,

Versos,

Vinhos...

Dor.

Mais uma noite e na cama vazia só eu...

O sangue destilado, ainda....

Destroços e saudade.

[Inês Martins]