Reencontro

 

Brindaremos com a espuma do mar,

Com o suor do teu corpo, com o líquido frio

Dos nossos corpos quentes, o reencontro.

Desejos antigos, marcantes renascem.

 

Sementes vivas em dias de preto e branco,

Mais adiante, quem sabe coloridos outros tantos.

A esperança desesperada certeza de quantos.

Cruzamos linhas e arrebentamos pontos

Mas chegamos juntos em tantos e cantos.

 

Brindemos pois, agora o sonho quebrado,

Sonho com derrames de vindas brandas.

Na cadeira da sala recostas e aguardas calado,

Ansioso, com mãos trêmulas e cálidas

Por certo celebraras esse reencontro.

 

Teu rosto parado na sombria sala do passado,

Pedaços de sentimentos deixados pelos cantos.

Lábios fechados, sinais fechados, coração...

Confuso diante do outro regado a sensação. 

 

Nada importa. Aqui estou, todos esses anos

Amando-te num desejo ávido dos gestos nossos,

Construção dos traços. Mas e agora como,

Como nós Iremos achar a ponta do novelo?

 

Quero tocar a tua pelo marcada pelo tempo.

Somos dois anjos atrevidos de voos vazantes

Por esse mundo perdidos, desencontrados.

Quantos anos a dançar nas asas desse tempo?

 

Quero o dobrar dos anos com o mel nos dedos,

Quero a névoa que possou em teus cabelos,

Quero o entrelaçar das mãos sem sentir todo

O abandono dos anos nos olhos.

 

Estais sentado na cadeira de balanço

A esperar o coração abrir, a esperar

Alçar esse voo sublime. Sonhos que sonho.

Sonhas os nossos sonhos, quem sabe?

 

Eu sempre estive aí, eu sempre estive aqui

A ti esperar com flores nos cabelos e vontades

De viajar por essa estrada com aroma de limão,

Na mata selvagem desbravar teu dorso doce.

 

O que é novo em nós? O que não mudou?

São nossos olhos que se olharam luz, brilhou

Como no primeiro dia: cúmplice, inteiro, eterno.