Dom Quixote, eu?!
Hoje acordei e descobri-me dom Quixote
Vesti minha armadura de caixa de papelão
Embainhei minha espada de taboca
Chamei meu corcel que dormia atrás da porta,
Montei meu Rossinante e ganhei as planícies do quintal.
Na falta de moinho de vento
A velha tuia me serviu de gigante
Avante Rossinante, a galope lanço o golpe,
O gigante tomba , Dulcineia acena.
Mas os heróis não descansam,
Um exército inimigo se põe em formação,
Avanço contra o milharal seco
E a golpes de espada os soldados decepo,
Sancho Pança sacripantas deve estar dormindo sob os pés de banana,
Não se faz mais escudeiros como antigamente.
Como posso ser herói
Eu tão tolo
Tão falho
Tão vil
Tão humano,
Logo eu , feito do barro,
Logo eu que choro ao ver um por de sol
Que amo
Que sonho
Que tenho o coração mole.
Mas o mundo precisa de heróis
Que monte seus Rossinantes
e encare os gigantes,
A donzelas a salvar,
Dulcinéias, Julietas e Iracemas.
Depois do conflito épico vencido
Dorotéia me toma nos braços ferido,
Balbucia, te amo meu herói, ao meu ouvido
Seus lábios se aproximam dos meus, eu sinto,
Mas de longe vem um grito,
Acorda menino , vais se atrasar pro ensino ,
Então o beijo fica pelo caminho,
Tudo se vai derretendo,
Foi um sonho , agora entendo.
Se arruma pra escola
E não esquece o livro,
Jaz sobre a cama,
Dom Quixote de La Mancha.