DESPRENDIMENTO PARADISÍACO
DESPRENDIMENTO PARADISÍACO
O paraíso, luzidio ou sombrio,
Sob o olhar mental,
Próprio do pensamento exilado,
Às vezes infantil e às vezes jovem,
Diariamente, atrasa-se, antiquadro,
Ante a invisibilidade,
Vigiada pelo sono do despertar.
O agora acorda,
Em meio às pedras da paz,
Enquanto o regresso ao mundo,
Fecha-se à inutilidade das lembranças.
A cegueira amigável,
Morre de enfermidade,
Ou de velhice.
A solidão da mortalidade,
Na réstia da iluminação,
Finda o ter.
Os motivos do tempo,
Desaparecem para dentro das coisas lúcidas.
Os objetos se desprendem,
Mas não conseguem ficar soltos.
Sofia Meireles.