PAIXÃO CAMINHANTE
PAIXÃO CAMINHANTE
Apaixonada, a pobreza,
Dá-se ao florescer,
Para que não murche,
O alimento do ter,
Faminto de trocas.
Cartas e retratos,
Num compromisso diário com o medo,
E diante dos esquecimentos do outro,
Sobre o chão,
Cortam e mordem,
Em aliança com feitos,
Cujo poder combina com o encontro.
A comunicação, habitante do acaso,
Volta a favorecer,
Às decisões do nunca,
Quando sai da mesmice.
Os lugares que ficam no sempre,
Juntam-se às perdas,
Sem procura própria,
E assim não mudam de nome.
Retirante, o dedilhado se ata,
Ao enforcamento da espera,
E, sem vez,
O descanso sombrio,
Frutifica o equilíbrio,
Zangado pelo julgamento,
Estável do roubo caminhante..
Sofia Meireles.