Que pena!

Pena que a carne é fraca

que o cerne é franco.

Pena que a vida passa

pra dama do Paço.

Pena que ela é uma graça,

ele é um grosso.

Pena que quando ele a canta,

perde o encanto.

Pena que os anos passam

e a pança cresce.

Pena que a bossa se vai

e fica o boçal. Que fosso!

Pena que o cacho está alto para o homem coxo.

Pena que as mãos de seda não cedam carinho.

Não mais me sedam.

Pena que a corda bamba

me acorda para a vida tesa.

Pena que não se pesa a quilo

aquilo que fazer não qui-lo.

Pena que as Linhas da Vida

das mãos não mais se alinham.

Pena que deste poço não se possa cavar.

Não resta uma só poça.

Pena que a pena é leve e o vento a leva...

A duras penas.

Pena que esta prosa venceu o prazo.

que esta poesia perdeu as rimas.

e não tem métrica... que tétrica!

e nem tem forma ... deforma.

faltou melodia... que dia!

Apenas... que fossa!

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 18/11/2007
Reeditado em 22/12/2007
Código do texto: T741684
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