Páginas Brancas

 

Hoje comi jiló nas esquinas das ruas,

Viajei pelo mundo a acordar a lua.

No tapete da sala deitei a memória

Enquanto os segundos passavam

Junto a arritmia do relógio.

 

A artéria do tempo desconectou a visão,

Assim a noite se calou sem estrelas

E o dia esclareceu o engano e o medo 

Momento de páginas brancas,

Onde a tinta esfereográfica

Borrou de vemelho o papel principal.

 

Aviões voaram entre as nuvens fechadas,

Desço num pára-queda,

Entro no tunel na contramão e corro.

A velocidade das coisas não esperam.

 

Levo um choque ao encontrar uma imagem:

O quadro que ostento a séculos,

No dna de minha alma, num canto abandonado.

A distância me separa da realidade do passado

E me apróxima dos enigmas do futuro.

Posso visualizar com minha visão telepática

 

O sombreiro em frente a casa a me espiar

Os pássaros em sua copa a gerar.

O pipoqueiro, o homem vendendo água,

O entregador de gás; o menino soltando pipa

Tudo a fazer parte de uma súbita realidade.

 

Sinto saudade do vizinho do lado a tagarelar,

Aquele cara pálida que falava pelos cotovelos.

Hoje entre os edifícios sou um homem esquisito,

Um cara do futuro que mora no último andar,

 

No espaço sideral da minha genética cósmica

Vejo o mundo numa nova era, o tempo a voar,

Situações estravagantes, a história a mudar

Para alçar páginas azuis, um bluetooth estrelar.