TRAÇOS DO COMETA

TRAÇOS DO COMETA

 

Será só surpresa que vara o Céu,

Porque brilha o olho do camaleão,

E sei que estrela não é carrossel,

Se quarto de milha não vê um leão.

 

Mas antigamente passou o cometa,

Que tinha ciscado mil vezes atrás,

E o olho do mundo ficou na sarjeta,

Pois trouxe quem pode e tudo faz.

 

Disseram pra mim, de outro exemplo,

Que antes de Cristo, só Buda chegou,

Porque é assim que vejo os tempos,

Lembrando o cometa que me guiou.

 

A humanidade às vezes se perde,

Pois tudo é ciclo ou como a maré,

E o tempo de trevas não serve,

À luz do cometa que traz nova fé.

 

Por isso há tempos de toda maldade,

Mas nunca perduram frente a Deus,

Que deu livre arbítrio e vivacidade,

Mas cobra em juízo até dos ateus.

 

Assim, sou levado no rabo de Halley,

Pra dar um bom giro para aprender,

Vagando no Cosmo e sobre os vales,

Sejam de estrelas ou gente a morrer.

 

Mas peço ao Druida, que já foi Merlin,

Mostrar todas runas ou Excalibur,

Em Gibraltar ou no Estreito de Bering,

Passando as tundras e vindo ao Sul,

 

Porque toda bússola aponta o Norte,

Mas sempre preciso saber onde estou,

Seguindo o Cometa e vendo a sorte,

Que faz pela vida a concha que sou.

 

Pois sofro o incomodo de ter areia,

Para gestar uma pérola de mim,

Que vou ofertar à melhor sereia,

Ou vê-la no mar que chora sim.

 

No fim, terei traços do cometa,

Tirando proveito ao só passear,

Ou posso ser cunha e ampulheta,

Içando o totem no tempo de orar.