Imemorial

Nos catálogos,

meus olhos atentos

rastreavam,

delineando teu nome,

pedaços riscados.

Nos telefones rotativos,

dedos grudados,

números discados.

No confinamento

das cabines telefônicas,

um telefonema,

a espera,

um rabisco,

um poema.

Nas mãos suadas:

um guardanapo,

uma ficha,

uma mensagem,

um recado,

interferências,

ruídos,

o gancho,

o fone no ouvido,

uma linha cruzada,

o pescoço inclinado,

uma súplica,

um pedido,

a lembrança

de um toque,

uma voz do outro lado...

A espera:

um alô,

um homem na fila

esperando a sua vez,

o medo de um “até logo”

ou um engano, talvez.

Buscava por ti,

nas esquinas

e nas ruas paralelas,

costumava procurar teu nome

nas páginas amarelas.