SACUDINDO O PORÉM

Falar do amor sem vírgulas,

num vento libertado e vasto,

num vão qualquer desse chão.

 

Essa coisa que imanta o tempo,

que desenferruja a alma,

que desarma o não, o talvez, o porém.

 

Amor, aprumado rio,

que nos imanta, nos refoga,

numa desenfreada luz.

 

Aprendi a amar com todas teclas,

mesmo as sujas e vadias,

mesmo as escassas e assustadas.

 

Entendi o amar com suas mãos surradas,

seus guizos aflitos, suas chagas berrantes,

com seus imãs cansados, seus versos puídos.

 

Já senti o amar com a fé escassa,

com o andar sedento, com o sim rarefeito,

com as rédeas roídas e difusas.

 

Hoje mais calejado e sacudido,

convivo com o amar sem ficar cabisbaixo,

sem ceder aos espinhos, sem ficar refém da dor.

 

Assim conseguimos nos abraçar aguerridos,

juntando nos pedaços, nossas estrofes mais belas,

nossas raízes mais divinas.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/12/2021
Reeditado em 12/12/2021
Código do texto: T7405378
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