A Chuva

E lambe a terra,

e lava o chão,

num gosto cego

que contagia no tempo,

o espaço do coração.

E verte amarga,

rasgando a terra,

rangendo, quebrando, amordaçando,

mostrando a fúria

qual de um vulcão.

E leva no vento,

amargura, solidão,

desnudando o espaço,

rasgando o cansaço do fracassado, devassado, e

cruel mundo cão.

E doa amor,

leva contemplação,

inspirando harmonia, leveza e

calma, quando no vento voa,

liberta e cria nova paixão.

Junho/1983

Nancy Silveira
Enviado por Nancy Silveira em 08/12/2021
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