A Chuva
E lambe a terra,
e lava o chão,
num gosto cego
que contagia no tempo,
o espaço do coração.
E verte amarga,
rasgando a terra,
rangendo, quebrando, amordaçando,
mostrando a fúria
qual de um vulcão.
E leva no vento,
amargura, solidão,
desnudando o espaço,
rasgando o cansaço do fracassado, devassado, e
cruel mundo cão.
E doa amor,
leva contemplação,
inspirando harmonia, leveza e
calma, quando no vento voa,
liberta e cria nova paixão.
Junho/1983