O CANTO DA SEREIA

O CANTO DA SEREIA

Aos olhos de minha infância

Tudo era bem definido

Policial era honesto

Corrupto era bandido

O templo uma porta aberta

De ajuda aos desvalidos

Os homens religiosos

Eram sábios e altruístas

Juízes equilibrados

Movidos pela justiça

Médicos eram respeitados

Como grandes cientistas

Quem vê não acredita

Tudo de repente mudou

O fiel da balança alterado

Pelo dedo indicador

Mais vale a fé que professa

Que o saber de Doutor

Entre o certo e o errado

A legalidade é uma pista

De um lado corre o justiceiro

Do outro lado a justiça

Nem todo morro é bandido

Nem todo soldado é polícia

O médico que era incontestável

Admirado pela sapiência

Trazia a confiabilidade na fala

Nas mãos a cura da doença

Rendeu-se ao negacionismo

Defendendo a conveniência

O púlpito antes ocupado

Por quem colocava o Senhor

Acima do próprio interesse

Pregando a paz e o amor

Converteu-se ao proselitismo

Doutrinando o eleitor

O médico negou a ciência

A violência seduziu a polícia

A parcialidade abraçou o juiz

O pregador sucumbiu-se à mítica

No fim venderam sua alma

Ao lado oculto da política

Wilson Magalhães
Enviado por Wilson Magalhães em 04/12/2021
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T7399859
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