O CANTO DA SEREIA
O CANTO DA SEREIA
Aos olhos de minha infância
Tudo era bem definido
Policial era honesto
Corrupto era bandido
O templo uma porta aberta
De ajuda aos desvalidos
Os homens religiosos
Eram sábios e altruístas
Juízes equilibrados
Movidos pela justiça
Médicos eram respeitados
Como grandes cientistas
Quem vê não acredita
Tudo de repente mudou
O fiel da balança alterado
Pelo dedo indicador
Mais vale a fé que professa
Que o saber de Doutor
Entre o certo e o errado
A legalidade é uma pista
De um lado corre o justiceiro
Do outro lado a justiça
Nem todo morro é bandido
Nem todo soldado é polícia
O médico que era incontestável
Admirado pela sapiência
Trazia a confiabilidade na fala
Nas mãos a cura da doença
Rendeu-se ao negacionismo
Defendendo a conveniência
O púlpito antes ocupado
Por quem colocava o Senhor
Acima do próprio interesse
Pregando a paz e o amor
Converteu-se ao proselitismo
Doutrinando o eleitor
O médico negou a ciência
A violência seduziu a polícia
A parcialidade abraçou o juiz
O pregador sucumbiu-se à mítica
No fim venderam sua alma
Ao lado oculto da política