ATÉ FAZER DEUS CHORAR

Ódio, ser irrequieto,

de pele áspera, coração aflito.

faz tremer o medo de medo,

faz sucumbir de dor, toda dor.

Ódio, endiabrada criatura,

de sangue arredio. represado,

destrona reis, fadas, farsantes,

cabisbaixa Deus até fazer chorar.

Ódio, praga voraz, atônita,

mama em seios rebeldes,

cadáver que ainda resiste um coração.

Odiar refoga o suor, a saudade, o aliás,

deixa o chão abobado, embaralhado,

deixa a fé esmigalhada, toda toda.

Quem odeia, desafia as ratazanas da razão,

desfia as querelas do querer-bem,

descama as garras dos guerreiros do além.

Aos ódios camuflados, álibis ferrenhos,

descarrego meus rifles mais agudos,

para, enfim, vê-los num curtume qualquer,

estendidos ao relento sem resgate,

sem confete, sem perdão.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/12/2021
Reeditado em 03/12/2021
Código do texto: T7398786
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