PEÇONHA NO COMBO

PEÇONHA NO COMBO

 

Eu vi minhas gatas,

Sofrendo a vergonha,

Se o homem só mata,

Por ser a peçonha.

 

Queria a mulata,

Ser o que me assanha,

Mas ele a maltrata,

Quando é quem sonha.

 

Esse é o retrato,

Da côrte bizonha,

Fazendo o contrato,

Que me dá insônia.

 

Meu corpo tem dono,

Nos cirrus e no stratus,

Que não dá sono,

Pois como sem pratos.

 

Eu lambo as ruas,

Com fome e sede,

Com a bunda nua,

Sem teto, nem rede.

 

Eu subo aos morros,

Em busca de unção,

Com os pretos mortos,

Sem flor, sem caixão.

 

Na lama de Nanã,

Sou lar sem Nação,

Sem Lua ou maná,

Só com pé no chão.

 

Somente em Oxumarê,

Terei peçonha em poção,

Se o combo que ora se vê,

É o abismo como prisão.

 

Nisso, Exú será na TV,

O que revela a intuição,

Se o desejo está em você,

E, bem ou mal, é sua versão.