caixa preta
a caixa grita
esvazie-a por um suspiro,
ao encher os pulmões
esconda-me em ti,
faço de teu seio morada
onde almas transam
os odores são familiares,
se conhecem por ouvir
se entendem ao beijar
e conversam por olhares,
unem-se dois mundos
água e terra tornam-se um só,
do barro vens a tua Obra e nada sou além do sal,
erguemos este muro,
ponho-me a face junto ao pó,
as nuvens se abrem e posso ver o por do sol,
luz suavemente lhe penetra,
o grito ecoa longe
e a paz se torna silêncio,
nela medito, me apaixono fácil
por tudo que é bom.