DESISTINDO DO AMOR
Cantam-se salmos
Ou encomendam-se velórios?
Veja, numa estátua de gesso
Nasceu o pretexto
De moldar-se um grimório!
Se da noite mais ébria
Não se extrai uma gota de sangue
Que fim eu terei
Se ainda não sei
O que faz um errante?
Desisto do amor
É tão seco, tão duro
Não consegui sentir
Nem no coração incidir
O amor pelo mundo!
Tenho medo
Das rochas, dos pesos
A virgem contou-me um segredo
E guardou em seu seio
O que não coube no peito!
Desisto do amor
Não vejo um fazer pragmático
Em tão amargo frescor!
Acabou-se o humor
Não vejo um dia tão asmático
Nem à léguas de Cairo!