DESISTINDO DO AMOR

Cantam-se salmos

Ou encomendam-se velórios?

Veja, numa estátua de gesso

Nasceu o pretexto

De moldar-se um grimório!

Se da noite mais ébria

Não se extrai uma gota de sangue

Que fim eu terei

Se ainda não sei

O que faz um errante?

Desisto do amor

É tão seco, tão duro

Não consegui sentir

Nem no coração incidir

O amor pelo mundo!

Tenho medo

Das rochas, dos pesos

A virgem contou-me um segredo

E guardou em seu seio

O que não coube no peito!

Desisto do amor

Não vejo um fazer pragmático

Em tão amargo frescor!

Acabou-se o humor

Não vejo um dia tão asmático

Nem à léguas de Cairo!

Brenno Lima
Enviado por Brenno Lima em 30/10/2021
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