O SOM DA ESCRITA

Há uma sonoridade na escrita que transcende as letras arrumadas em delicado artesanato sobre a tela branca.

Ela sabe mais nossos olhos do que os ouvidos, confundindo os sentidos nas testuras e movimentos do texto que se inventa na nervura de um real ausente.

A linguagem é viva, mutante, e indomável, quando livre do jogo da representação ou do vazio da comunicação ordinária.

Ela se torna esta sonoridade que inventa a potência do sopro da voz, sendo onda e movimento, no compor das letras. Ou qualquer outra coisa além da própria letra.

A muda melodia do significado que sempre foge, alucina as palavras dentro do branco da tela.

O corpo encontra a si mesmo e se transforma nas abstratas sensações que o expandem no mágico som de uma escrita.

As palavras transcendem a comunicação no inventar de universos e transvalorações.

Carlos Pereira Junior
Enviado por Carlos Pereira Junior em 30/10/2021
Código do texto: T7375053
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